quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Magical moments...




"Às vezes é preciso sair, espairecer e lembrarmos-nos de quem somos e onde queremos estar. E às vezes temos de aventurar-nos fora do nosso mundo,para nos encontrarmos."


No outro dia, um destes dias em que tem estado sol, andava eu nos meus passeios solitários de reflexão interior quando parei para contemplar a vista. O fim de tarde estava absolutamente maravilhoso! No horizonte: um por do sol lindo, a fazer raios vermelhos no céu, acompanhado de um frio deliciosamente arrepiante como se quer nesta época natalícia. Cá em baixo: a vila, com as suas luzes já acesas. Luzes amarelas que tornam todo o cenário mais romântico e misterioso, que fazem recordar e pensar que cada noite que passei perdida ente as suas ruas e casas, valeu cada minuto. E para completar: um nevoeiro fininho que começava a aparecer com o descer do sol e se ia instalando de vagar por cima daquele sitio tão mágico para mim.


Ali estava eu a pensar: "Porque é que nunca trago uma máquina fotográfica comigo?" , quando de repente vejo duas pessoas a sair de dentro de um carro um pouco abaixo de mim... Onde eu estava elas não me viam e eu também não podia ouvi-las, mas fiquei a observar os seus movimentos.


Era um rapaz e uma rapariga e era nítido que havia um clima estranho entre eles. Estavam fora do carro, mas afastados um do outro, cada um olhava numa direcção e dava para perceber que as palavras que trocavam eram poucas e intensas. "O que poderia fazer duas pessoas estarem chateadas num fim de tarde tão perfeito? " - pensava eu!.. Uma vez mais estava a ser assolada da minha curiosidade mórbida.


E já quando eu pensava que nada podia ser perfeito naquele fim de tarde, no meio do silencio, do frio e daquela situação que eu estava a tentar descortinar, ouve-se o sino da igreja... O seu som ecoou profundo e imponente sobre todo aquele cenário, como que a reclamar também um pouquinho da minha atenção! Senti um arrepio dos pés à cabeça. Para mim que sou uma observadora por natureza e pinto sempre mil quadros das coisas que observo, foi sentir como se estivesse verdadeiramente dentro de um filme. 


Se eu fosse escritora, tenho a certeza que só daquele bocadinho que ali passei, teria conseguido escrever quase um livro inteiro... Só com o que estava a ver, com o que isso me estava a fazer sentir e com as minhas milhentas conjunções acerca do que se passava com aquelas duas pessoas.

Foi um fim de tarde realmente bonito e é por ter oportunidade de presenciar estas maravilhas , estes momentos realmente "priceless" que eu adoro passear sozinha por ai, para ter a oportunidade de no meu silencio ver o mundo com os meus olhos :)


Ahh e quanto às duas pessoas que lá estavam, continuo a poder apenas a imaginar porque estariam zangadas, mas de uma coisa tenho a certeza: elas ficaram bem :) Quando vim embora olhei-os uma ultima vez e vi que estavam já dentro do carro abraçados.

1 comentário:

Nuno disse...

Nós temos sempre tendência em ver qualidades na terra onde nascemos e crescemos. Mas a Lousã é especial não só por isso. A Lousã é, de facto, uma vila muito bonita, cheia de histórias e mistérios.

O cenário que descreves é maravilhoso e não tenho mais que possa dizer. Não sou capaz de ser como tu, que consegues escrever tanto sobre tão pouco. Talvez porque consigas ver as coisas com olhos de ver. Estás atenta a pormenores que eu não consigo ver.

Quanto ao casalinho... Se calhar nem estavam chateados! Apenas se isolaram um do outro para, tal como tu, poderem apreciar a beleza da paisagem sozinhos. Estavam a ver o mundo com os seus olhos.

Beijitos,
Nuno.

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